Neste artigo você vai encontrar dicas de como descobrir os modos de aprendizagem, construção do seu perfil de leitor e investir na informatividade do seu texto.
Platão, Declaração dos Direitos Humanos, Segunda Guerra Mundial, Constituição de 1988, George Orwell, Chico Buarque, de filósofos e sociólogos, passando por documentos e períodos históricos, até ícones da música, selecionar o famoso repertório é um dos pontos da produção daquele que fazer parte de nossa vida, mais do que nos damos conta: o texto. Especialmente o tipo textual argumentativo ou dissertativo-argumentativo.
Repertório é uma palavra ampla, então quando o professor anota na lousa esse nome, para tratar do ENEM ou vestibular, muitos alunos pensam em citar uma ou outra dessas referência e isso dá a sensação de que aquele texto ficará mais recheado. Mas, por que nem sempre citar uma das referências é garantia para um bom texto?
O que seria esse repertório?
Artistas podem ter repertórios de obras, um professor pode ser um grande repertório de livros, teorias e autoridades como referência, um concerto pode ter uma seleção belíssima de músicas, ditas repertório, um autor pode ter um diverso repertório de referências bibliográficas e, você, aluno, pode ter, no sentido figurativo, como aponta o Google, um conjunto de conhecimentos para colocar em prática um dos movimentos mais presentes no cotidiano: convencer o outro.
A grosso modo, pode-se dizer que o repertório sociocultural produtivo é um conjunto de informações, conhecimentos, referências de cultura e de saberes da sociedade. É importante pensar que aquele nome que recheia o texto é parte de um todo: um contexto.
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Em resumo: para uso e compreensão do tal repertório, você vai criando várias redes de conexão entre as ideias, essas redes se cruzam, se misturam, se conectam por contraste ou de modo complementar e permitem que seja possível ler as coisas no mundo.
Essas questões são importantes para a produção dele, o texto. Afinal, essas referências serão parte do texto e pensar nelas faz parte desse processo de tornar o repertório produtivo. Talvez haja um repertório passível de encaixe em qualquer discussão ou tema, entretanto, mais importante que selecionar esse repertório é utilizá-lo e entender por que ele é tão relevante para fazer aquilo, isso mesmo, o objetivo do tipo de texto em questão: convencer o famoso leitor.
Dissertar e argumentar, expor e explicar: convencer
Argumentamos muito ao longo de nossa vida. Portanto, nossos discursos orais e escritos nos servem para muitas coisas, uma delas é convencer o outro de uma ideia nossa. Convencemos o outro pelo uso das informações, explicamos, ilustramos e exemplificamos, trazemos contra-argumentos, comparamos e contrastamos situações, concluímos e construímos raciocínios.
Todas essas ações vão se voltar para temas variados, provocadores e possibilitadores de discussões. Dessa forma, esses temas podem ser compreendidos diante de problemas ou mesmo serem problemas, e, para defender pontos de vista, precisamos ter repertório(s), informatividade sobre a sociedade a que faz parte esses problemas do tema e sobre o próprio tema.
Para convencer o outro, por meio do texto escrito, organizamos o raciocínio: esse texto terá introdução, desenvolvimento e conclusão. Para introduzir, situamos a temática e apontamos a ideia a ser defendida, a tese. No desenvolvimento, apresentamos argumentos e trazemos fatos, dados, autoridades e especialistas, exemplos, justificamos e analisamos as ideias postas ali; não menos importante, concluímos, retomando a ideia que foi defendida, fechando ou abrindo o texto para leituras e, por que não, outras produções.
Esse processo faz muito sentido, se entramos em um debate com alguém, o tema precisa ter um contexto – assim como todas as nossas interações humanas possuem. Além disso, eu preciso ter uma ideia principal, motivos, justificativas, exemplos, afinal, como concordar com quem não explica o porquê de sua afirmação, não? E, não menos importante, nós precisamos concluir as ideias, e mesmo que seja para concluir, nós podemos sugerir novos debates, uma discussão pode gerar outras questões.
Modelo ENEM e o vestibular
Especialmente, no modelo ENEM, alia-se o desenvolvimento do tipo textual ao dos seus repertórios. Na competência 2, espera-se que o participante aplique conceitos das áreas do conhecimento para desenvolver o tema que se pede. Esses conceitos são os chamados repertórios. Perceba o quanto repertório é compreendido ora como “repertório” e só ora como “repertórios” ou outro nome no plural, pois trata-se aqui de um conjunto de conhecimentos.
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Na competência 3, avalia-se a seleção desses conhecimentos, assim como seu uso – as relações de sentido feitas, as interpretações das ideias. Para isso, o texto precisa ser organizado, as ideias vão ser encadeadas e conectadas entre si para que a tese seja comprovada. Não menos importante: seu texto precisa ter uma conclusão, já que argumentamos para chegar a algum lugar, não?
Mas, por que é tão importante que avaliar a argumentação seja parte de uma avaliação?
Como dito, nós argumentamos ao longo da vida toda, argumentamos com nossos pais quando fazemos questionamentos e justificamos o porquê de nossas dúvidas. Argumentamos na vida comercial e profissional quando queremos negociar preços e tarefas.
Para a graduação e a vida social, não é diferente. Saber argumentar é o que nos localiza na nossa vida como cidadão. Isso porque quando possuímos um ponto de vista, nos situamos nos pontos de vista do mundo e do outro. Ser capaz de criar e defender o seu é possuir um senso crítico importante para atuar sobre o mundo.
Por que você precisaria saber argumentar sobre o cinema e sobre a educação de pessoas surdas? Ora, são temas do mundo a que você faz parte e como parte desse mundo, esses temas te dizem respeito. Você convive com o tema de um modo ou outro e ter uma posição diz respeito a como você percebe o coletivo que lida com os possíveis problemas implicados nesses temas.
Repertórios: informatividade
O repertório é a informatividade do texto. Pode ser empregado da introdução à conclusão, incisivamente, ele é muito importante no desenvolvimento, afinal, para que seja possível alguém ser convencido por você, é preciso que seus argumentos tenham apoio em conhecimentos sobre o assunto e o tema. Um período histórico que inicia e situa um texto é repertório sociocultural. Você o torna produtivo quando o relaciona bem com uma ideia bem defendida, comprovada no miolinho do seu texto, no desenvolvimento.
Pode-se contextualizar um tema, situá-lo no tempo e no espaço com documentos oficiais, filmes, séries e referências diversas no universo da arte. Mais que citar aquele repertório, você deve refletir sobre sua função no texto, por que ele é relevante? No que ele contribui para iniciar a discussão sobre esse tema?
Por outro lado, uma citação de uma autoridade pode concluir o texto. Esse repertório pode reforçar a discussão e será produtivo se muito bem colocado diante de um projeto de ideias bem construído. Vamos supor que você escolhe uma perspectiva histórica sobre um problema e seleciona uma autoridade que é uma das referências desse tipo de perspectiva. É um caminho coerente, mas, lembre-se: as relações de contexto precisam ser bem estabelecidas, nunca tire Aristóteles e Platão de seus contextos, a frase isolada perde muito de seu sentido quando se ignora o tempo em que foi dita, como, porque, por quem e sob quais circunstâncias.
Repertório, em suma, será todas as referências citadas para reforçar sua argumentação, para embasá-las. Chamamos de repertório cada referência, mas, pode ser repertório, e é, o todo: a contextualização histórica da introdução, a pesquisa e os dados do desenvolvimento, os fatos que servirão de exemplos dos seus argumentos, o filme e os fatos correlacionados entre si, a citação do argumento de autoridade.
Por isso, na sua avaliação, se diz que o seu repertório sociocultural, ou seja, os seus conhecimentos como um todo, é produtivo para sua argumentação. Ser produtivo quer dizer contribuir para suas ideias, ter ligação lógica, ser coerente com a afirmação que precisa ser comprovada, provar sua tese.
Dicas de uso e seleção: modos de aprender coisas no mundo e ampliar sua informatividade
Bom, inicialmente, você precisa construir um perfil de leitor, e, não, isso não se refere apenas a ler livros, artigos, apostilas, jornais e afins, esses textos escritos. Ler é muito mais que ler textos escritos. Parece que estou chovendo no molhado, mas, esse é o ponto: todo seu contato com o mundo, pela linguagem, é leitura.
Experimente fontes e modos e opções diversas. Você lê imagens, símbolos, logos, pinturas, poemas, músicas, áudios, vídeos, jogos. Leia artigos, reportagens escritas, resenhas, colunas, textos escritos possuem seu lugar.
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Pertinente: não se afobe em ler tudo! Tenha um tempo de leitura de qualidade, descubra que tipo de conteúdo mais combina com seu modo de ler, se você gosta de podcast, explore tipos diversos com informações e temas diversos. Se você gosta de vídeos, aqui vai uma dica muito boa para consumir conteúdos: a maioria dos canais de comunicação utiliza a tecnologia digital para ampliar seu alcance. Utilize as redes sociais a seu favor, acompanhe os canais oficiais para incluir na sua rotina o acesso a informações pertinentes.
Mas atenção: você não é uma tábula rasa, alie as informações ao que você já sabe, complemente seus conhecimentos. Ao ler, busque pensar sobre de que modo aquela nova informação se relaciona com o que você já sabe sobre o mundo.
Ótimo! Como passo isso para o texto?
Você pode criar um sistema de anotação de ideias. Anotar é um processo poderoso de aprendizagem, não se trata de copiar trechos desesperado para não perder cada detalhe, mas, sim, de selecionar e marcar informações sobre o que você lê, aquilo que mais se destacou na sua leitura. Esse processo estimula a memória.
Mais importante do que a parte material é o processo de escolher como registrar o que você leu. Busque se expressar mais por escrito, não necessariamente no modelo-redação, mas, sim, na escrita livre. Escreva no bloco de notas ou no caderno as reflexões que passam pela sua cabeça, se habitue a se expressar por escrito. Essas anotações podem servir de consulta. As palavras-chave podem ajudar muito na reformulação das ideias, assim como os desenhos, símbolos e as marcas que vão estimular a memória das ideias.
Modos de informar
Nós temos, de acordo o método VAC (Visual, Auditivo e Cinestésico) de Fernald e Keller e Orton-Gilingham, três estilos de aprendizagem básicos. Portanto, podemos aprender pelo apelo visual, há pessoas que apreendem melhor ideias e conceitos pela visualização de imagens, vídeos, ilustrações. Aprendemos também pela audição, muitas pessoas organizam melhor o conhecimentos com a linguagem faladas e os sons. Além disso, temos aprendizes cinestésicos, aquelas pessoas que aprendem com estímulos através do movimento do corpo, sentindo o objeto de estudo pelo tato.
Leitura e escrita
Outra forma de aprender é pela leitura e pela escrita, de certa forma, faz parte do tipo visual, uma boa forma de estimular esse tipo de aprendizagem é o sistema de notas (anotação).
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Se você aprende bem lendo e escrevendo, então dá para acessar conteúdos digitais escritos ou mesmo investir nos famosos livros e revistas. Caso aprenda bem vendo, você pode consumir conteúdos visuais, vídeos multimídia, no Youtube, filmes, séries. Aprende melhor pela audição? Invista em podcasts. Mas, caso você aprenda pelo tato, você pode buscar colocar em prática o que aprender, aplicar as ideias e os conceitos pela ação.
Jornais e conteúdos digitais
Jornais e sites digitais de conteúdo e de notícia também são bons meios para construir seu repertório: BBC News, Folha de São Paulo, Estado de Minas, G1, HBO e vários outros são opções. Alguns, vários, jornais precisam de assinatura, mas, você pode acompanhar algumas informações pelo Youtube, a BBC News e a HBO costumam disponibilizar seus conteúdos pelo canal da rede. Talk Shows podem ser úteis também, especialmente os de humor, você pode ler criticamente, contextualizando os temas com outros textos.
Podcast
Por fim, os Podcasts são outro meio de se informar bem dinâmico para quem aprende mais ouvindo. Você pode navegar pelo Spotify, pelo SoundCloud, pelo Deezer, há vários para os mais variados gostos, vários sites divulgam listas de dicas. Dá para procurar por estilo ou tema no Google, uma lista geral é essa aqui.
Experimente e descubra seus modos de aprendizagem, construa seu perfil de leitor e invista na informatividade do seu texto!
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