O blog LUMA entrevistou Gilber Machado, CEO da Kuau e criador do Projeto de Vida, para falar sobre a importância de trabalhar o lado emocional dos alunos quando se der o retorno das aulas presenciais. Confira!
O retorno das aulas presenciais está cada dia mais perto. Estudantes de todo o Brasil estão sem colocar os pés na escola desde meados de março. Desde então, a única forma encontrada pelas instituições de ensino para amenizar o prejuízo dos alunos foi a de lecionar aulas através de plataformas digitais.
O debate sobre o retorno das aulas presenciais, nesse primeiro momento, gira em torno das normas de segurança sanitária. Mas, no segundo momento, outro aspecto extremamente importante deve ser levado em consideração: o lado emocional dos estudantes.
Para dar protagonismo a esse debate, o blog LUMA entrou em contato com Gilber Machado, CEO da Kuau, uma edtech capixaba que trabalha em cima do autoconhecimento em crianças e adolescentes e no desenvolvimento de habilidades do futuro por meio do Projeto de Vida. Confira, portanto, o bate-papo abaixo.
Blog LUMA – Quais serão os efeitos acadêmicos que a pandemia deixará para os estudantes no cenário do retorno das aulas presenciais?
Gilber Machado – Primeiro, é importante a gente refletir que a saúde mental já é o segundo fator de maior incidência de morte em adolescentes e jovens no mundo, segundo a ONU. Então, antes da pandemia, já era um problema. E aí tem diversos estudos sobre gerações, endereçados à geração Z, que são justamente os alunos nascidos a partir de 1995 e estão na escola na educação básica. Os jovens da geração Z já têm muitas dificuldades em relação às emoções por muitos fatores, mas, principalmente, pelo aspecto da mudança do comportamento familiar, que torna esses alunos mais dependentes, com menos autoestima, menos resilientes, gerando maior ansiedade, depressão e aumento das taxas de suicídio.
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Portanto, isso já era um problema antes da pandemia, com ela, o que se criou foi um ambiente ainda mais insalubre, tóxico, no sentido de você ter uma alteração nas relações sociais. Todos ficaram mais distantes dos amigos, houve um isolamento físico, que não necessariamente é social, mas acaba afetando o aspecto social. Além disso, o ambiente familiar ficou conturbado para todos, o que causa um impacto muito grande nos alunos. Problemas econômicos, desgaste familiar, isso acaba afetando a figura do aluno. A saúde mental é a base para qualquer aprendizagem, pois você não consegue ter um ambiente produtivo de aprendizagem se você não tem uma situação de saúde mental estável ou equilibrada.
É um tremendo desafio como a escola vai lidar com essa complexidade toda. Esses alunos estão vindo de um momento que não foi férias, um simples recesso, foi algo de muito abalo, todos estão com saudades, sofrendo com a crise, seja de saúde ou financeira, ou com a perda de familiares, então tudo isso é muito complexo.
Blog LUMA – Além dos protocolos de segurança, qual deve ser o olhar das escolas para as questões emocionais dos alunos?
Gilber Machado – A gente entende que qualquer plano operacional tão complexo como vai ser esse dos protocolos de segurança sanitário para o retorno das aulas vão vir junto de uma ansiedade, medo e dúvida. Então, as questões emocionais tornam-se que já é complexo mais complexo. A escola precisa estar muito preparada para lidar com todas essas questões e, principalmente, fazer gestão de crise, considerando aspectos relacionados à comunicação. Você, hoje, está em um ambiente de redes sociais, onde tudo se potencializa, então as escolas precisam ficar atentas a isso. A melhor maneira de enfrentar um problema desse é construindo antecipadamente. Sendo assim, é por isso que sugerimos o exercício da empatia e de preparação envolvendo as famílias, toda comunidade escolar.
A escola precisa de estratégias para envolver as famílias, ensiná-las sobre essas questões, porque elas também estão vivendo essas dramas pessoais. Então, de alguma maneira, evitar e reduzir esses atritos, pois uma forma é você tentar agir com a educação sobre as emoções e sobre esse acolhimento necessário para esse momento. É uma questão muito importante, que não considera apenas os alunos. Eles são uma parte muito importante, mas também têm os educadores, porque tudo isso é uma engrenagem. Os educadores, a família e os alunos, todos serão muito útil para reduzir toda essa tensão.
Além disso, começar a fazer uma estratégia de gestão dos alunos, por meio de escuta e a partir do que a gente chama de uma construção de uma agenda positiva. A escola precisa tirar os alunos desse ambiente tóxico por meio de um olhar otimista e de esperança em relação ao futuro. Todas essas situações são de aprendizagem, de resiliência emocional, e tudo isso é um grande desafio.
Blog LUMA – Qual a importância das escolas terem profissionais voltados para trabalho exclusivamente no aspecto emocional dos alunos?
Gilber Machado – Antes de tudo, tem que ter uma preparação de toda a comunidade escolar, começando em casa, com as famílias. Os professores e as pessoas de dentro da escola, inclusive quem trabalha na recepção, todos que têm contato com os alunos no ambiente, eles precisam ser orientados em relação às condutas. Entretanto, existem papeis de destaque dentro da escola, começando pelos orientadores, as coordenações e as lideranças pedagógicas das escolas. Todas essas pessoas precisam ter muito clara a importância da aprendizagem socioemocional e das ferramentas que as escolas vão utilizar.
“Tem escola que traz no seu corpo de profissionais psicólogos e psicopedagogos, que dão orientações para os demais profissionais. E, em alguns casos, também atendem os alunos, com a ressalva de que atendimento psicológico, do ponto de vista terapêutico, deveria ser fora da escola. A escola não é esse ambiente, não é papel da escola fazer atendimento terapêutico, mas cabe à escola fazer o desenvolvimento do ponto de vista pedagógico da aprendizagem”.
Gilber Machado, CEO da Kuau.
Na Kuau, por meio das nossas soluções educacionais de projetos de vida e aprendizagem socioemocional, criamos ferramentas que permitem facilitar o trabalho dos profissionais que já estão na escola. Ou seja, permitir que a escola possa personalizar as abordagens da aprendizagem socioemocional e de projeto de vida, permitindo canais de escuta, indicadores da aprendizagem socioemocional dos alunos e trabalhar de maneira estruturada o projeto de vida, que é justamente essa agenda de otimismo, que fale de futuro, crescimento, oportunidades, que faz o aluno olhar para o mundo e se descobrir.
Blog LUMA – Como deve ser essa integração família e escola, visando o retorno das aulas dos alunos?
Gilber Machado – Eu entendo que a relação família e escola para a formação dos alunos é fundamental. O que a gente tem recebido cada vez mais de feedback das escolas em relação a adoção do nosso programa Projeto de Vida. Ele acaba sendo justamente a chance desse elo entre aluno, família e a escola. Isso porque é um alinhamento de expectativa entre essas três pontas. A família sempre tem grande expectativa em relação ao futuro e ao sucesso do filho em relação ao futuro, mas os alunos têm as suas próprias expectativas. Ele tem que ser protagonista, e não viver o projeto de vida da família, do pai e da mãe, então, nessa correlação entre família e aluno existe muito conflito.
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E no outro lado está a escola, que fica no meio desse conflito e da expectativa em relação ao que os pais desejam e que, muitas vezes, o aluno tem os seus desejos. A escola pode ser esse elo desenvolvendo o projeto de vida, que vai permitir que os pais consigam enxergar na escola esse aliado do aluno e permitir que a família enxergue o desenvolvimento do seu filho. A escola precisa ser um incentivador na criação desses desejos. Ela precisa ajudar esse aluno a criar esses significados que ele vai encontrar durante a jornada que ele vai na escola. Então quando ele começar a identificar isso, ele tem um projeto de vida e isso vai depender dessas experiências e desses aprendizados. Dessa forma, você começa a ter uma plenitude de satisfação desse aluno, de engajamento, o que se reflete em todo o ciclo.
Blog LUMA – Como fica o trabalho do aspecto emocional dos alunos com as aulas on-line? Você vê as escolas se preparando para melhorar nesse aspecto?
Gilber Machado – Essa preocupação referente ao socioemocional já era muito crescente nas escolas. Isso vem, cada vez mais, ganhando atenção nas escolas, justamente por causa das taxas de ansiedade, depressão e suicídio estarem crescendo. A questão toda é que a pandemia trouxe um cenário onde a maioria das soluções está centrada no modelo antigo. Ou seja, onde você tem o professor em sala de aula e todos os recursos pedagógicos ainda estão em material didático impresso. Ou quando estão na internet em formatos, digamos, antigos. O que vai acontecer, diante desse cenário de mudanças aceleradas das metodologias educacionais, é que a escola tem que ser híbrida. Ela precisa estar pronta para dar ao aluno a condição de ele se desenvolver em um ambiente mediado pelo professor. Mas também dar a eles os instrumentos adequados para eles terem uma experiência digital.
A escola tem a oportunidade de dar um salto, começar a buscar soluções mais contemporâneas. E foi isso que fizemos na Kuau. Somos uma plataforma digital com método híbrido, que permite a escola flexibilizar o programa tanto no ambiente presencial quanto na palma da mão do aluno. O ambiente digital também permite mais evidências desses aprendizados. Fica mais poderoso e mais ágil para a escola identificar o aprendizado do aluno, o seu engajamento e a sua gestão socioemocional. A gente percebe, portanto, que a escola vai ter a chance de dar um salto. E aquelas empresas que estiverem prontas para atuarem nesse cenário de transformação digital, sem dúvida, vão sair na frente.
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