A internet e as redes sociais ganham força e se consolidam cada dia mais. Alterando, dessa forma, as relações interpessoais das crianças. Leia mais sobre o assunto no artigo
O compartilhamento de informações e dados no cenário global trouxe uma grande mudança nas relações interpessoais das crianças. Afinal, para os leitores do século XX, como era a sua infância? Do que você costumava brincar? Bom, a minha consistia em brincadeiras na rua (queimada e pique-esconde, por exemplo). Que tempo bom era aquele!
Mas hoje, como é a infância dos seus filhos, enteados e sobrinhos?
Eu tenho uma sobrinha de 6 anos, a Manu. Então, em um certo dia, chegando em casa, ela estava ensinando a minha mãe – avó dela – a usar a plataforma de compartilhamento de vídeos, o YouTube. Ouvindo parte da conversa, ela tinha uma desenvoltura muito boa para explicar todas as funcionalidades da plataforma.
Manu também possui um tablet que reúne todos os seus jogos, então ela o leva para todos os lugares. É um desafio controlar o seu tempo “online” e competir por atenção. Inclusive, em muitas situações, ela me deixa falando sozinha.
Percebeu a mudança nas relações interpessoais das crianças? Onde foram parar aquelas brincadeiras na rua? Será possível voltar àquele tempo? Sendo bastante sincera, eu diria que não.
A internet e as redes sociais ganham força e se consolidam cada dia mais, ou seja, é um fenômeno global. De acordo com um estudo publicado pela Consumer Reports, USA, sabe-se que em 2010 pelo menos 7,5 milhões das crianças abaixo dos 13 anos usavam, de forma ativa, o Facebook. Contudo, no Brasil, segundo o estudo da Officina Sophia, ao menos 62% das crianças entre sete e 12 anos usuárias de internet acessam uma rede social.
Embora o segredo para lidar bem com o fenômeno inevitável, que são as redes sociais, é uma “boa dose” de cada uma das infâncias: da velha e da nova.
Relações interpessoais das crianças e o excesso de tempo nas redes sociais
A mente infantil é naturalmente criativa e curiosa, o que torna as redes sociais muito convidativas, sendo assim, as crianças passam horas navegando nas redes. Mas é para os pais e responsáveis serem atentos a um contato saudável dos pequenos.
“O importante é estabelecer limites para a utilização e a melhor forma de estabelece-lo é em um acordo entre os pais e os filhos. Proibir não é a melhor saída. Até porque, as redes sociais não são somente vilãs! É possível ter acesso a muitas informações instrutivas por meio delas, manter contato com amigos, familiares e, claro, uma ferramenta para se distrair. Mas é possível e é saudável também que o adolescente consiga encontrar prazer em outras atividades que não estejam relacionadas com o computador e a internet, então, uma ótima dica é estimular a realização de esportes, hobbies, artes, leituras e afins (algo que realmente seja prazeroso para ele), assim, dosar o tempo entre o computador e o celular e outras atividades será algo muito mais natural”, orienta a psicóloga Ane Caroline Janiro.
Tempo de exposição e implicações
De acordo com estudos publicados pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o uso excessivo de dispositivos eletrônicos causa prejuízos de ordem cognitiva, psíquica e física nos jovens. O conjunto de sintomas, portanto, é conhecido como estresse tóxico, e as principais manifestações observadas são:
- Deficiências visuais, auditivas e posturais;
- Distúrbios do sono;
- Alterações do humor;
- Isolamento;
- Agressividade;
- Depressão;
- Redução da capacidade cognitiva e produtiva;
- Déficit de atenção;
- Problemas de linguagem;
- Transtornos ligados ao sedentarismo (obesidade).
“As crianças e adolescentes ainda estão em fase de crescimento e de desenvolvimento cerebral. Por isso, nesse período, elas precisam de diversidade de estímulos para poder formar conexões em diferentes áreas cerebrais para desenvolver habilidades necessárias para o resto da vida: a curto, médio e longo prazo”. Afirma a Dr. Liubiana Arantes de Araújo, presidente do Departamento Científico de Desenvolvimento e Comportamento da SBP.
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Dessa maneira, o texto publicado pela SBP reforça que a chave para a prevenção do estresse tóxico é o controle do tempo de exposição e monitoramento do conteúdo acessado.
Além disso, o texto traz recomendações de controle de tempo por faixa de idade, que são:
- 2 anos: desencorajar, evitar e até proibir a exposição passiva de conteúdos inapropriados de filmes e vídeos em telas digitais, principalmente, durante as horas das refeições ou 1-2h antes de dormir.
- Entre 2 e 5 anos: limitar o tempo de exposição às mídias ao máximo de 1 hora por dia.
- Maiores de 6 anos e adolescentes: o tempo de tela não deve exceder a duas horas por dia, exceto em casa de trabalhos acadêmicos.
Adequação ao conteúdo e segurança
Todas as redes sociais estabelecem uma idade mínima para que os usuários acessem seus conteúdos. Vale lembrar:
- Facebook, Instagram, Pinterest, Snapchat e Twitter: restrição de idade para os usuários e pode ser acesso por crianças acima dos 13 anos.
- YouTube: idade mínima para gerenciar a própria conta do Google é 13 anos. As crianças podem apenas assistir vídeos na conta de país ou responsáveis, mas não podem criar uma conta.
- WhatsApp: restrição de idade de 16 anos.
O que acontece, portanto, é que a maioria dos pais e responsáveis não se atentam para os limites de idade das redes sociais. Dessa maneira, o monitoramento, não só do uso, mas de conteúdos, sites e qualquer tipo de acesso, é importante.
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Vale lembrar que, algumas plataformas, como o YouTube, oferecem ferramentas para gerenciamento e controle do titular da conta até aos demais usuários dela, embora, possibilitem o bloqueio de acesso a conteúdos impróprios.
Segurança e exposição nas redes sociais: Cyberbullying
Mensagens anônimas, manipulação, ameaças e constrangimentos são apenas algumas das táticas do Cyberbullying. Então, para prevenir o Cyberbullying ou a violência virtual, é muito importante ter um monitoramento e manter um diálogo com os filhos.
Sendo assim, alguns especialistas orientam que os pais instruam os filhos sobre conteúdos de postagem para evitar uma exposição excessiva da vida pessoal. Dessa forma, lembre-se que crianças não têm maturidade para diferenciar a vida virtual da real, e, por muitas vezes, confundem as duas realidades, expondo a si ou a outro colega de maneira inadequada.
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Procure, portanto, identificar os sinais desse tipo de violência, conversando e alertando o seu filho. Em todo o mundo, a violência virtual é uma questão muito séria, a qual todo ano tira a vida de muitos jovens.
Então, para finalizar, lembra daquele papo de “boa dose”? Que tal, agora, chamar o seu filho para uma brincadeira da sua infância? Tire-o de frente da televisão, tablet ou celular, e mostre-o como você se divertia na idade dele. Eu tentei com a Manu, e acredite: o resultado foram boas risadas.
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