Muitos de nós não têm ideia do tamanho impacto que a comunicação pode ter na segurança e saúde da população. Em tempos de coronavírus, atentar-se para a forma como nos comunicamos é fundamental para evitar mal-entendidos e até mesmo a contaminação pelo vírus
Muitas pessoas ainda pensam que se comunicar bem é coisa para professor, jornalista, palestrante, advogado… Mas, na verdade, não têm ideia de quanto suas vidas são impactadas por problemas relacionados à comunicação.
Eu poderia citar uma infinidade de exemplos, entretanto, quero trazer um artigo relevante para o momento exato da história em que estamos vivendo. Você já deve saber sobre o que estou falando: a pandemia do coronavírus.
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Pode ser que você esteja agora mesmo se perguntando: “você também falará de coronavírus agora? O que isso tem a ver com comunicação?”.
De fato, não tenho nenhuma formação acadêmica que me permita falar sobre sintomas e outros aspectos relacionados ao coronavírus. Contudo, quero trazer informações importantes a respeito de elementos da comunicação envolvidos em tudo o que temos vivido. Então, siga comigo que eu prometo trazer reflexões importantes para a comunicação em tempos de pandemia do coronavírus.
Comunicação e saúde: tudo a ver
A Organização Mundial de Saúde (OMS) constatou que um em cada dez pacientes no mundo se torna vítima de equívocos e situações relacionadas ao cuidado de pacientes. Esse tipo de constatação leva pesquisadores do mundo inteiro a investigar meios de prevenção para que erros assim se tornem cada vez menos frequentes.
Um Protocolo de Atenção à Saúde do Paciente, desenvolvido pela Secretaria de Saúde do Governo do Distrito Federal, publicado em 2018, aponta que, no Brasil, a comunicação efetiva passou a ser estabelecida como meta para a segurança do paciente após a publicação da Portaria Ministerial 529/2013.
Há pouco tempo, enquanto preparava um workshop para falar a empresários sobre a importância de investirem na comunicação no âmbito de suas empresas, tive acesso ao relatório da Joint Commission International (JCI), do ano de 2012. A JCI é conhecida como sendo a mais importante certificadora do mundo quanto à qualidade de instituições de saúde. Sua sede, localizada nos Estados Unidos, já atua há mais de 50 anos, criando uma cultura de segurança e qualidade no cuidado do paciente, como destaca um artigo do Hospital Infantil Sabará, de São Paulo.
Dados desse relatório apontaram que 70% dos casos de eventos sentinela – como se denomina qualquer evento imprevisto que possa resultar em dano para os clientes externos e internos da Organização da Prestadora de Serviços de Saúde, conforme esclarece o verbete do site Indicadores Hospitalares – são causados por problemas e falhas na comunicação entre os envolvidos. Como esclarece o relatório, os problemas mais comuns são:
- As informações nunca foram transmitidas;
- Os dados foram transmitidos, mas foram recebidos com imprecisão;
- As informações foram transmitidas, mas nunca foram recebidas.
O que isso tem a ver com o coronavírus?
Tudo! Não só com o coronavírus, mas com tudo o que diz respeito à saúde da população em geral.
Nos últimos dias, temos assistido a uma verdadeira tempestade de informações relacionadas à doença Covid-19 e, certamente, isso tem causado impacto na maneira como vivemos.
Em tempos de medo e incertezas, é muito comum que se altere também a forma a qual nos comunicamos, e isso pode acontecer em diversos aspectos. É sobre alguns deles, pais, que gostaria de te convidar a pensar, pois acredito realmente que esses três pontos sobre a nossa comunicação nos tempos atuais podem ser fundamentais tanto para a nossa saúde mental quanto para a nossa saúde física.
Cuidado com as fakenews ou reportagens sensacionalistas
Sabemos, é claro, da seriedade da pandemia que estamos enfrentando. Já se tornou uma questão mundial e, com certeza, todos devemos estar atentos e ser cuidados em relação à nossa própria saúde a saúde daqueles que estão a nosso redor.
Entretanto, da mesma forma como se propaga o coronavírus, propagam-se as informações de canais oportunistas que buscam chamar a atenção para si, utilizando, para isso, o medo e a ansiedade da população.
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Dessa forma, sejam seletivos quanto ao tipo de informações que irão consumir. Busquem dados oficiais e tenham cuidado com teorias da conspiração e áudios de WhatsApp. Ouçam sempre mais de uma versão sobre a mesma informação. Fiquem atentos a especialistas reconhecidos e mantenham a calma.
A ansiedade e o medo também contribuem para ocasionar doenças e diminuem a nossa imunidade. Pesquisadores e cientistas qualificados estão trabalhando diariamente para dar informações verdadeiras sobre o que está acontecendo. Acalme-se! Cuida-se, também, das fakenews.
Contato físico e demonstrações de afeto
Uma das questões mais difíceis, sobretudo para uma cultura, em geral, calorosa como a nossa, é o isolamento social e a orientação quanto a evitar o contato físico com outros pessoas (aperto de mão, abraços e beijos).
Para nós brasileiros, a ideia de chegar ao local de trabalho ou escola sem nos tocar de forma alguma gera estranhamento. No entanto, considerando que esta tem sido uma orientação importante por parte dos especialistas, é uma medida que devemos tomar para o nosso bem e para o bem de todos.
Existem outras formas de demonstrar carinho àqueles que nos cercam. Também existem formas delicadas de informar ao outro que você prefere não tocá-lo por questões de segurança.
Se o seu filho não puder ter uma videoaula, por exemplo, e realmente precisar encontrar com o professor pessoalmente, instrua ele a abrir a porta para atender o professor a falar em forma de brincadeira: “olá, professor! Hoje a gente se cumprimenta com um sorriso, não é? Porque eu quero garantir que você saia daqui tão saudável quanto entrou”.
Em geral, o bom humor é uma excelente forma de tratar assuntos sérios de forma leve. Uma abordagem desse tipo é bem melhor que abrir a porta e dizer algo como: “olá, professor! Não vou tocá-lo para evitar contaminação com o coronavírus, ok?”. Sentiu a diferença?
Ajude a conter o pânico das pessoas ao seu redor
Enquanto estava escrevendo este artigo, recebi a ligação de um ex-aluno estrangeiro que está de férias no Brasil e recebeu a notícia de que seu colega de quarto está com suspeita de coronavírus. Ele me enviou dezenas de mensagens até que eu percebesse que ele estava tentando me ligar.
Quando o atendi, ele estava desesperado, sem conseguir nem mesmo organizar direito as ideias para me pedir ajuda. Ele não conseguia ser atendido pelo consulado do seu país, então ele não sabia se continuava com o colega de quarto ou se ia para outro lugar, e também não havia trazido dinheiro suficiente para pagar por um hotel. Sim, tudo isso aconteceu agora há pouco, enquanto eu escrevia o parágrafo anterior.
Conversei por alguns minutos com esse ex-aluno e estava lembrando a ele sobre o fato de que, para crianças e a população jovem, os efeitos da doença não são graves. Tentei lembrar-lhe de que ele não faz parte do grupo de risco e que, mesmo que tenha sido infectado pelo coronavírus, ele ficará bem, devendo estar atento a alguns cuidados, principalmente para não infectar outras pessoas.
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Aos poucos, ele foi se acalmando, lembrando-se do que o médico que já o havia atendido lhe disse. E pôde, de fato, tomar as providências necessárias até conseguir se comunicar com o seu consulado no Brasil.
Por meio desse exemplo prático e tão atual, eu reforço: precisamos ajudar a conter o pânico das pessoas que estão ao nosso redor. Como já disse, ansiedade e pânico contribuem para reduzir a imunidade. Além disso, em momentos de pânico e ansiedade extrema, tendemos a tomar decisões altamente equivocadas e prejudiciais.
Para finalizar…
Vale lembrar a constatação do relatório da JCI, mencionado anteriormente neste mesmo artigo. Podemos gerar problemas graves e equívocos prejudiciais a nós mesmos e aos demais:
- Comunique o que precisa ser comunicado;
- Garanta que a sua mensagem esteja sendo, de fato, bem compreendida porque te ouve;
- Faça com que a informação correta, de qualidade, chegue a quem deva chegar.
Tomem as medidas que precisam ser tomadas quanto à higienização e cuidados com aglomeração e pessoas da população de risco. E, da mesma forma, sejam responsáveis pela sua comunicação em tempos de tanta (des)informação.
Agora que você leu sobre comunicação e coronavírus, que tal dividir com outros pais compartilhando este post nas suas redes sociais? Aproveite a oportunidade.
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